DGERT   APCER
Relações de compromisso

Problemas Que Não São Resolvidos Pelo CMMI Nem Pelos Métodos Ágeis


A primeira parte de cada modelo CMMI descreve três aspectos dos projectos de desenvolvimento: (1) processos, (2) tecnologia e (3) pessoas. O CMMI não esconde que coloca o enfoque nos processos. Quanto aos métodos Ágeis, colocam o enfoque claramente nas pessoas e permitem que elas determinem a tecnologia e os processos. De qualquer forma, independentemente do enfoque do CMMI e dos métodos Ágeis, nenhuma das abordagens consegue prevenir inteiramente o simples erro humano, a saída de pessoas chave, o impacto de pessoas incompetentes, a insubordinação activa ou passiva, ou a sabotagem deliberada.

Também nenhuma delas consegue evitar o efeito da vida pessoal dos indivíduos no seu desempenho laboral. Cada uma das abordagens pode ter mecanismos para identificar e gerir esse tipo de questões, mas nenhuma delas pode evitar que as economias locais tenham falta de empregados qualificados. Grande parte das organizações já passou pela experiência de terem empregados desajustados e pelo desafio correspondente de os ajustarem e mantê-los empregados e satisfeitos. As organizações também já tiveram que lidar com perdas de empregados, perdas de fundos para os projectos, evaporação de recursos tecnológicos ou fornecedores, oferta e procura no mercado, obsolescência prematura dos componentes arquitecturais nucleares, ou outros problemas que estão para além do seu controlo imediato.

Apesar de capacidades derivadas e adaptadas poderem influenciar possivelmente os aspectos do desenvolvimento de produtos ou serviços que não têm a ver directamente com o desenvolvimento propriamente dito, existem muitos aspectos do desenvolvimento que o CMMI e os métodos Ágeis não afectam. Como conclusão, podemos dizer que nenhuma das abordagens é a resposta absoluta para tudo aquilo que pode prejudicar o desenvolvimento.

Fundamentalmente, as más utilizações são um problema para ambas as abordagens. Um dos signatários originais do Manifesto Ágil escreveu recentemente que tinha sido contratado por uma empresa de capital de risco que tinha decidido investir apenas em companhias que implementavam métodos Ágeis. Chegou então à conclusão que, das empresas que visitou e examinou, apenas três por cento daquelas que afirmavam utilizar métodos Ágeis os utilizavam realmente.

Uma das muitas formas de má utilização inclui aspectos de introdução de práticas que não têm qualquer relação com os métodos Ágeis ou com o CMMI. A introdução de novas práticas de forma pobre irá resultar em implementações fracassadas, independentemente daquilo que está a ser introduzido.

Os métodos Ágeis proporcionam funcionando bem com projectos de pequena dimensão e em que as equipas trabalham no mesmo local. O CMMI, por seu lado, fornece as práticas de engenharia de sistemas normalmente necessárias para projectos de grande dimensão e de risco elevado. O CMMI também fornece a gestão de processos e práticas de suporte (e princípios) para ajudar a implementar e a melhorar continuamente a implementação de métodos Ágeis numa organização, independentemente da organização ou da dimensão do projecto.

A adesão aos princípios Ágeis comporta grandes desafios quando se está perante projectos de grande dimensão, que se prolongam muito no tempo e que envolvem equipas dispersas (seja essa dispersão geográfica ou organizacional). O modo de comunicação em grandes projectos não pode ser satisfeito pela comunicação face a face e em tempo real, com a presença física de todos os elementos da equipa.

Apesar da complexidade inerente aos grandes projectos exigir uma infra-estrutura mais pesada, isso não quer dizer que se tenha de criar burocracia desnecessária e produção desequilibrada às custas da produtividade. A criação de burocracia desnecessária ocorre especialmente quando o CMMI é mal utilizado e quando o principal resultado esperado do esforço de melhoria de processos com base no CMMI é apenas um determinado nível de maturidade. Como resultado, costuma surgir o problema do excesso de engenharia nas actividades de melhoria de processos.

A utilização de especialistas de processos para a criação e implementação de actividades de melhoria é relativamente usual, tendo normalmente a vantagem de permitir que esses especialistas (e as equipas de projecto) se concentrem nas suas respectivas tarefas. No entanto, esta abordagem também comporta riscos, dado que as pessoas do projecto são frequentemente excluídas das actividades de desenho dos processos, adoptando depois uma postura de relutância ou de cepticismo aberto relativamente à adopção de actividades de melhoria dos processos.

Também costumam ser criadas equipas de qualidade para assumirem a responsabilidade pela qualidade. Consequentemente, os especialistas em desenvolvimento poderão abdicar da sua responsabilidade quanto à melhoria (ou pior, quanto à qualidade). A utilização de princípios Ágeis quando se desenham e seleccionam práticas CMMI poderá criar actividades de definição de processos mais aceitáveis e apropriadas. Por outro lado, a incorporação de objectivos CMMI nas actividades de projecto de equipas Ágeis poderá ajudar a tornar essas equipas mais maduras e/ou mais capazes para lidarem com a continuidade dos projectos.

Se os defensores dos métodos Ágeis e do CMMI conseguissem compreender e aceitar as suas diferenças e tirar partido das vantagens do outro lado, encontrariam novas formas de combinar as ideias de ambas as abordagens para elevarem as melhorias a um novo nível. O desafio consiste, portanto, em que os defensores de cada uma das abordagens aprendam o valor dos princípios e da tecnologia da outra parte e que os implementem no seu trabalho.

Baseado num texto da autoria de Hillel Glazer, Jeff Dalton, David Anderson, Mike Konrad e Sandy Shrum, com o título "CMMI or Agile: Why Not Embrace Both!"

 

Topo
Pesquisa
Agenda
Destaques