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Educação à Distância dinamiza Turismo Africano
África é um dos mais belos e cativantes continentes do mundo. Nela coexistem paisagens de tirar o fôlego, maravilhas naturais que hipnotizam, vida selvagem exuberante, majestosas edificações humanas que nos mostram não haver limites para a mestria humana, gente hospitaleira com mil histórias para contar, e uma riqueza cultural e gastronómica imensa que urge descobrir. Tudo isto para dizer que o "berço da humanidade" conta com um potencial turístico de excepção que não pode nem deve ser desaproveitado e que é quase obrigatório desenvolver e capitalizar em benefício dos próprios africanos. Como é que a Educação à Distância pode ajudar a concretizar esse desígnio e a dinamizar o turismo, isso é algo que descobriremos ao longo das próximas linhas.
De acordo com o Banco Mundial, o sector do turismo na África Subsariana poderá criar 6.7 milhões de empregos até 2021. Num relatório intitulado Turismo em África: Aproveitar o Turismo para Crescer e Melhorar os Meios de Subsistência, a reputada instituição internacional refere que em 2011 essa indústria já assegurava um em cada vinte postos de trabalho na África Subsariana. Ainda de acordo com o documento, sublinhe-se que em 2012 esta região africana atraiu cerca de 33.8 milhões de visitantes e a receita proveniente do turismo atingiu os 36 mil milhões de dólares, o que corresponde a 2.8% do Produto Interno Bruto da região. Estes dados animadores conduzem-nos no entanto a um facto algo preocupante e que urge enfrentar o quanto antes: com um crescimento cada vez maior do sector a vislumbrar-se no horizonte, um défice na formação dos profissionais envolvidos no turismo tornou-se uma ameaça iminente ao seu desenvolvimento. Em jeito de resposta, vários programas de formação em hotelaria têm vindo a ser implementados no continente para fazer face às necessidades desta indústria em franco crescimento. Por exemplo, a SNV, uma organização que se dedica ao desenvolvimento sustentável e ao combate à pobreza passou a oferecer cursos de formação para empregados de restaurante e formação on-the-job para colaboradores de hotel no Gana e no Mali. No entanto, embora meritórias, este tipo de acções não são suficientes para resolver o problema e para fazer face às necessidades. Tal não parece, no entanto, ser motivo para atirar a toalha ao chão: uma ajuda preciosa está a chegar por intermédio da tecnologia e de uma metodologia de ensino muito em voga nos nossos dias e que está a dar cartas um pouco por todo o mundo, a Educação à Distância. Se na África do Sul, onde o turismo é responsável por mais de 10% dos postos de trabalho, já têm vindo a ser implementados diversos programas de formação em hotelaria com uma componente online, a Namíbia resolveu ir mais longe no seu desejo de desenvolver o sector turístico com base na inovação tecnológica. Para tal criou a TTN (Tourism Training Namibia), uma plataforma online de formação destinada ao sector turístico e que resulta de uma parceria entre a GIZ (Agência Alemã para a Cooperação Internacional) e o Governo Namibiano. Com o seu famoso ecoturismo, uma natureza exótica e safaris excitantes em conjugação com uma oferta hoteleira de luxo, a Namíbia merece a reputação de país que sabe receber. No entanto, apesar de todos estes aspectos positivos a formação e a gestão dos prestadores de serviços turísticos a operar no país deixava muito a desejar. Agora, através da plataforma TTN é possível facultar aos profissionais do sector uma experiência de formação online de elevada qualidade e baseada em padrões consistentes que irá beneficiar o país e os milhões de turistas que o visitam anualmente. Na medida em que se trata de uma plataforma online irá permitir que o departamento de turismo namibiano estenda a formação a todo o país, aumentando o número de trabalhadores qualificados e possibilitando-lhes uma aprendizagem a qualquer hora e em qualquer lugar. Para além disso a plataforma permitirá que tanto os grandes operadores turísticos como os de mais pequena dimensão acedam à mesma informação, contribuindo assim para promover a justiça e a igualdade de oportunidades no sector. A plataforma funcionará também como um ponto virtual privilegiado para que os profissionais ou aspirantes a profissionais de turismo encontrem oportunidades de carreira e ofertas de formação que possam ir ao encontro das suas necessidades. Quanto aos formadores que actuam neste sector, poderão utilizar o recurso para publicitarem os seus workshops ou acções de formação e arranjarem formandos para os frequentarem.
Mas não é só na Namíbia que o sector turístico pode retirar vantagens da Educação à Distância. Existem estudos realizados no Egipto "um dos destinos africanos mais requisitados pelos turistas", que demonstram de forma consistente a existência de uma elevada procura e de uma grande aceitação por parte dos estudantes de turismo relativamente a esta metodologia. As vantagens apontadas são muitas. Para além da possibilidade de acesso às lições a qualquer hora e em qualquer local, o baixo custo dos cursos, o acesso aos melhores especialistas em matéria de turismo independentemente do ponto do globo onde estes se encontrem, e a não existência de limitações a nível de instalações físicas, os estudantes podem ainda contar com um ambiente seguro, colaborativo, e controlado que lhes permite evoluir e testar diversos modelos de negócio. Refira-se no entanto que embora haja uma atitude muito positiva entre os estudantes e os professores relativamente à metodologia, existem ainda algumas barreiras a entravar a sua plena implementação nas Faculdades de Turismo Egípcias, sendo que uma delas é a inexistência de uma infraestrutura satisfatória a nível de tecnologias de informação. No entanto, como em tudo na vida, pode olhar-se para o copo como estando meio vazio ou meio cheio. Considerando que o copo está meio cheio, esta carência a nível de infraestruturas tecnológicas pode constituir uma boa oportunidade para quem as fornece e desenvolve. É tudo uma questão de perspectiva.
Mas se no Egipto ainda haverá um longo caminho a percorrer a nível da implementação da tecnologia no ensino do turismo, já nas ilhas africanas do Oceano Índico "onde o turismo tem funcionado como uma fonte vital de receitas e a taxa de penetração da Internet ronda os 45%" não se pode dizer o mesmo. Aqui está-se na "crista da onda" a nível de inovação tecnológica como suporte ao ensino do turismo. Exemplo disso são as paradisíacas ilhas Seicheles, que lançaram em 2012 a versão online do Curso de Turismo Sustentável, iniciativa que contou com o apoio do Ministro do Turismo e da Cultura, Alain St. Ange. Para o ministro, o lançamento deste curso permite obter uma força de trabalho mais bem treinada e preparada para responder às necessidades daquele que é o grande pilar económico das ilhas, o turismo pois claro. Por último, deixamos o leitor com outro bom exemplo africano da utilização das tecnologias de informação para a dinamização do sector turístico que nos chega da República da Maurícia. Este país insular do oceano Índico conhecido pelas suas paisagens deslumbrantes e praias paradisíacas resolveu lançar um programa de formação online destinado a agentes de viagem além-fronteiras. O intuito é formar especialistas na promoção das ilhas, que saibam 'vender' o que de melhor estas têm para oferecer, de forma a atrair mais visitantes. Para terminarem o programa, os participantes terão de concluir sete módulos online, sendo que para passarem para o próximo nível terão de acertar em 80% das questões que lhes são colocadas. No final receberão um certificado com o título de "Mauritius Grand Master" que pode representar uma mais-valia em relação à concorrência.
Mas em jeito de remate há que dizê-lo, não é só a Namíbia, o Egipto, as Seicheles ou a República da Maurícia a terem uma palavra a dizer em termos turísticos. Há algumas semanas, por ocasião de um evento denominado Bolsa de Turismo de Lisboa, o secretário-geral da Organização Mundial do Turismo (OMT), Taleb Rifai, destacava as grandes potencialidades turísticas de Angola, "país que cresce muito em todas as esferas da sua economia". No âmbito do mesmo evento, o diretor geral do Instituto de Fomento Turístico de Angola afirmou que a meta "é transformar o país num destino turístico de excelência". De facto, sabendo que Angola consegue reunir no seu território um pouco de toda a África, e que conta com locais de lazer excecionais e infraestruturas que têm vindo a ser desenvolvidas ao longo do tempo, bem como com um povo acolhedor e alegre, tal vislumbra-se perfeitamente possível. Dito isto fica a sugestão: Para ajudar a atingir essa meta, porque não utilizar a educação à distância para dar formação aos profissionais envolvidos no sector?