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África Pioneira no Dinheiro Móvel

A possibilidade de efetuar transações financeiras de forma rápida, segura e eficaz é uma parte intrínseca da nossa vida atual, mas para muitas pessoas tal não passa de uma miragem. As estatísticas relativas à inclusão financeira não são muito animadoras. Cerca de 2.5 mil milhões de pessoas espalhadas pelo mundo não possuem uma conta bancária formal e a dependência do dinheiro físico torna difícil aos mais pobres uma gestão eficaz dos seus parcos recursos financeiros. No entanto, embora nem todos possuam uma conta bancária formal, a maioria tem acesso a um telemóvel. Feito este preâmbulo há uma pergunta que urge fazer. E se todas as pessoas que possuíssem um aparelho deste tipo pudessem enviar e receber dinheiro com facilidade via mensagem de texto, receber salários, usufruir de empréstimos no seio de uma rede de família e amigos, pagar contas e comprar víveres sem necessitarem de recorrer à banca formal? Miragem? Talvez não.

O dinheiro móvel promete ser uma alternativa menos dispendiosa e mais escalável em regiões onde a inclusão financeira e a implementação da banca formal são mais limitadas e ao mesmo tempo promete alterar a vida dos mais fragilizados economicamente. Um dos exemplos mais felizes do que aqui afirmamos está a ter lugar no Quénia, onde um dos maiores contributos para o crescimento económico se deve a um simples telemóvel. Na última década o setor da tecnologia ultrapassou todos os outros assumindo em média um crescimento anual de 20%. Neste país da África Oriental poder-se-á dizer de forma quase literal que não tendo um telemóvel não se é ninguém. Na verdade, quase todos os adultos do país são donos de um aparelho deste tipo. No entanto o que mais nos interessa aqui destacar não é esse facto em si, mas algo que lhe está intimamente ligado. Chama-se M-Pesa e constitui um dos desenvolvimentos mais notáveis dos últimos anos. M representa a inicial da palavra "móvel" e "pesa" é a palavra suaíli para "dinheiro". Através deste sistema de "dinheiro móvel" que funciona através do telemóvel pode fazer-se tudo, desde comprar produtos de mercearia, passando pela aquisição de um bilhete de avião, até à regularização da conta da água ou da eletricidade. Na realidade, segundo o Financial Times há tanto dinheiro a circular neste sistema que equivale a 27% do PIB queniano. A operadora móvel Safaricom implementou o M-Pesa em 2007 e rapidamente viu a sua base de clientes atingir os 2 milhões apenas no primeiro ano. Em 2013 chegou aos 15 milhões de clientes activos, com três milhões de transações por dia e com movimentos na ordem dos 700 milhões de dólares por mês. Mas mais importante do que estes números surpreendentes é o facto de o M-Pesa ter aumentado a segurança financeira e ter revolucionado a atividade económica no seio das comunidades quenianas mais empobrecidas. A tecnologia está a criar uma enorme disrupção na forma como as pessoas lidam com o dinheiro e o advento dos pagamentos móveis tem o poder de transformar vidas e estimular o crescimento. No Quénia muitas empresas estão a tentar incorporar o M-Pesa nos seus modelos de negócio. Uma delas está a utilizar o sistema para ajudar pais de crianças a fazer pagamentos mais atempados das propinas dos filhos, ao passo que outra está a usá-lo para estabelecer grupos de poupança informais. Para que se possa compreender a multiplicidade de utilizações que se pode fazer de um sistema deste tipo, tomemos como exemplo a Bridge International Academies, uma empresa de franchising do ramo educacional que descobriu que o M-Pesa pode ajudar a obter dados financeiros em tempo real que a tornam mais credível junto dos franchisados e a reduzir o armazenamento de registos. Mas não são só as empresas a beneficiar com a chegada do dinheiro móvel. Também os governos têm muito a ganhar com este mecanismo que permite reduzir o "custo dos pagamentos" e aumentar a transparência e a credibilidade junto dos cidadãos. Quando os pagamentos digitais se tornam realidade, tal como aconteceu no Quénia, os consumidores beneficiam das poupanças subjacentes a um sistema deste tipo. O custo de realizar transferências de dinheiro via M-Pesa é cerca de metade relativamente a outros serviços formais de transferências. Acresce ainda ao rol de vantagens o facto de os utilizadores poderem realizar pagamentos instantâneos a partir dos seus telemóveis sem terem de efetuar longas deslocações - por vezes de várias horas e sob condições atmosféricas adversas - até à sucursal bancária mais próxima. Muitas habitantes da África Subsaariana necessitam de serviços bancários, mas simplesmente vivem ou trabalham demasiado longe das instituições bancárias formais. Igualmente importante é o facto de os pagamentos eletrónicos levarem os serviços financeiros a um vasto número de famílias que estavam afastadas de qualquer espécie de contacto com entidades bancárias. O dinheiro móvel ou pagamentos eletrónicos, conforme preferirmos chamar-lhes, permitem reduzir radicalmente os custos das transações, aumentar os níveis de comodidade e conveniência dos clientes e minimizar a necessidade de uma infraestrutura física dispendiosa, da qual fazem parte as sucursais bancárias.

Janelas de oportunidade para investidores

Não é só o cidadão comum da África Subsaariana a beneficiar da implementação do dinheiro móvel, pois a região apresenta um vasto número de oportunidades para os fornecedores de serviços financeiros (sejam ou não entidades bancárias), operadores móveis, e outras organizações em busca de novos mercados. No entanto, um primeiro passo a considerar deve incluir a perceção dos fluxos financeiros que ocorrem num domicílio típico desta região africana. Na África Subsaariana as fontes de financiamento das famílias provêm dos salários, dos rendimentos provenientes das colheitas agrícolas, de empréstimos efetuados por membros da família, de pagamentos por parte do governo e até de donativos públicos. No que diz respeito às despesas típicas estão incluídas comida, propinas escolares, cuidados de saúde, e despesas relativas às cerimónias associadas aos diferentes estádios da vida, tais como casamentos e funerais. Compreender onde e como é que esses fluxos estão concentrados pode permitir o desenvolvimento de estratégias de entrada no mercado mais eficazes. Outra questão a ter em conta é o facto de as pequenas e médias empresas da região efetuarem e receberem uma grande variedade de pagamentos (recebem dos clientes, intermediários e agências governamentais e efetuam pagamentos a grossistas, empregados, senhorios e fornecedores de serviços). De forma algo surpreendente, a maior parte destes pagamentos ainda é feita em dinheiro. Sabendo-se que as pequenas e médias empresas são reconhecidas como um importante segmento de mercado devido aos seus elevados volumes de pagamento deve concluir-se que ao estarem no centro das redes de clientes e fornecedores, tais empresas podem estimular a adoção dos pagamentos eletrónicos tanto na base como na parte cimeira da cadeia de valor. Existem ainda outros benefícios indiretos presentes nos pagamentos móveis que devem ser alvo de consideração. As operadoras móveis, por exemplo, têm vindo a perceber que as taxas de churn para os utilizadores móveis são significativamente mais baixas.

Apesar dos benefícios inerentes, implementar pagamentos digitais em novos mercados envolve desafios consideráveis. Nas economias emergentes um dos maiores desafios está relacionado com o fornecimento de opções adequadas para depósito e levantamento de dinheiro. ATMs e dispositivos de point-of-service devem estar convenientemente localizados e acessíveis à comunidade. Esta questão pode envolver investimentos substanciais, mas tais são necessários para fornecer bases sólidas para o crescimento futuro.

Há claramente uma procura latente por pagamentos digitais em muitos mercados da África Subsaariana, e a ampla aceitação do consumidor da tecnologia de comunicações móveis é altamente encorajadora. Para os que decidirem arriscar o quanto antes, muitos benefícios poderão estar a caminho.

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